Introdução ao Estudo Bíblico no Rádio on line
PROGRAMA PALAVRA E MENSAGEM-RÁDIO SINTONIA DO VALE 99,3
FM,
DOMINGO 10 ÁS 12 h.
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FASCICULO 13
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VALDECI DE
OLIVEIRA-BIRO
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O presente estudo tem como objetivo mostrar como a Bíblia pode ser
entendida e estudada no seu âmbito natural com o Povo de Deus e em Comunidade
de Fé.
"A Bíblia é ao mesmo tempo humana e divina, exige de nossa parte a tarefa de interpretá-la."Texto do dia 30 DE JUNHO 2013.
Leitura dos Atos dos Apóstolos 12,1-11: Pedro estava assim
encerrado na prisão, mas a Igreja orava sem cessar por ele a Deus.
Salmo responsorial 33/34: Comigo engrandecei ao Senhor Deus, exaltemos todos
juntos o seu nome!
2° Timóteo 4,6-8. 17-18: Resta-me agora receber a coroa da justiça, que o
Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia, e não somente a mim, mas a todos
aqueles que aguardam com amor a sua aparição.
Mateus 16,13-19: Jesus então lhe disse: “Feliz és, Simão, filho de
Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai
que está nos céus.
BREVE COMENTARIOS DOS
TEXTOS BIBLICOS
A
figura de Pedro é destacada principalmente na primeira leitura e no evangelho;
a de Paulo, na segunda leitura. Mas a primeira leitura cria um espaço para
falar dos dois: mostra que Deus está com seus enviados. Baseando-se na compreensão
popular dos dois apóstolos, pode-se combinar, nesta celebração, a ideia da
pessoa de referência para a unidade da Igreja, como foi Pedro, e a do
incansável missionário, que foi Paulo. O lema que se pode repetir na pregação
é: “Missão a todos, na unidade”.
1.
I leitura (At 12,1-11)
A
primeira leitura, tomada dos Atos dos Apóstolos, narra o episódio da prisão e
libertação de Pedro. Por volta de 43 d.C., o rei judeu, Herodes Agripa I,
vassalo dos romanos, mandou executar o apóstolo Tiago, filho de Zebedeu. Depois
mandou aprisionar Pedro. Mas o “anjo do Senhor” o libertou como libertou os
israelitas do Egito. A comunidade recorreu à arma da oração: é Deus quem age,
ele é o libertador. Assim, Pedro é libertado da prisão pelo anjo do Senhor.
Este feito confirma sua missão especial na Igreja, ressaltada no evangelho. O
significado desse episódio pode ser estendido à vida de Paulo, que, conforme At
16,16-40, viveu uma experiência semelhante, além de muitas outras situações de
perigo e aperto (cf. 2Cor 11,16-33).
2.
Evangelho (Mt 16,13-19)
O
evangelho apresenta Pedro como a pedra ou rocha da Igreja. A situação é a
seguinte: Jesus havia enviado os Doze em missão, e eles tomaram conhecimento
das reações do povo diante de Jesus, além do acontecido com João Batista,
decapitado por Herodes Agripa. Quando os discípulos voltam da missão, Jesus
lhes pergunta quem o povo e quem eles mesmos dizem que ele é. Pedro responde
pelos Doze e chama Jesus de Messias (em grego, Cristo: cf. Mc 8,29) e Filho de
Deus (como diz Mt 16,16; cf. 14,33). Enquanto o relato de Marcos (Mc 8,27-30) é
mais simples, o de Mateus mostra que Jesus reage à profissão de fé feita por
Pedro em nome dos Doze com três observações. Primeiro, reconhece nela uma
inspiração divina: “não foi um ser humano (literalmente, ‘carne e sangue’) que
te revelou isso” (Mt 16,17). Além disso, muda o nome de Simão, chamando-o, com
um jogo de palavras, de Pedro, porque “sobre esta pedra edificarei a minha
Igreja, e o poder (literalmente, ‘as portas’) do inferno nunca poderá vencê-la”
(Mt 16,18). Enfim, Jesus confia a Pedro o serviço de governar a comunidade (as
“chaves” e o poder de ligar e desligar, ou seja, obrigar e deixar livre, poder de
decisão), com ratificação divina (“será ligado/desligado no céu”, Mt 16,19).
Jesus
dá a Simão o nome de Pedro, “Pedra”, que sugere solidez: Simão deve ser a
“pedra” (rocha) que dará solidez à comunidade de Jesus (cf. Lc 22,32). Isso não
é um reconhecimento de suas qualidades naturais, embora possamos supor que
Simão deva ter sido um bom empresário de pesca! Pelo contrário, não se refere
ao que Pedro foi, mas ao que será. Trata-se de uma vocação que o transforma.
Muitas vezes, na Bíblia, a imposição de um novo nome significa que a pessoa
recebe nova vocação e deverá transformar-se para corresponder. Na Bíblia, ser
“rocha” é, antes de tudo, um atributo de Deus mesmo, o “Rochedo de Israel” (cf.
Dt 32,4 etc.). Jesus, com certeza, não quer colocar Pedro no lugar do “Rochedo
de Israel”, mas o incumbe, por assim dizer, de uma missão que tenha qualidade
análoga. A firmeza e a proteção evocadas pela imagem da rocha não são algo que
Simão Pedro tem em si mesmo (ele negará conhecer Jesus na hora em que deveria
testemunhar), mas é a firmeza e a proteção de Deus das quais ele é constituído
“ministro”, e essa “nomeação” vai acompanhada de uma promessa: as “portas”
(cidade fortificada, reino) do inferno não poderão nada contra a Igreja. Esse
ministério está a serviço do reino dos céus (maneira de Mateus dizer o reino de
Deus). Assim como as chaves das portas da cidade são entregues a seu prefeito
(cf. Is 22,22), assim Pedro recebe o governo da comunidade que instaura o reino
de Deus no mundo. Em Mt 18,18, autoridade semelhante é exercida pela
comunidade, mas Pedro tem uma responsabilidade específica, unificadora, que dá
solidez à Igreja.
3.
II leitura (2°Tm 4,6-8.17-18)
A
segunda leitura evoca Paulo. Ele, que sempre trabalhou com as próprias mãos,
está preso com correntes;
na defesa, ninguém o assistiu. Contudo, fala cheio de gratidão e esperança.
“Guardou a fidelidade”: a sua e a dos fiéis. Aguarda com confiança o encontro
com o Senhor. Ofereceu sua vida no amor, e o amor não tem fim (cf. 1°Cor 13,8).
Seu último ato religioso é a oblação da própria vida (cf. Rm 1,9; 12,1). Sua
vida está nas mãos de Deus, que a arrebata da boca das feras.
Sua
vocação se deu por ocasião da aparição de Cristo no caminho de Damasco: de
perseguidor, Paulo se transformou em apóstolo e realizou, mais do que os outros
apóstolos, a missão de ser testemunha de Cristo até os confins da terra (At
1,8). Apóstolo dos pagãos tornou realidade à universalidade da Igreja, da qual
Pedro é o guardião. A segunda leitura que hoje ouvimos é o resumo de sua vida de
plena dedicação à evangelização entre os pagãos, nas circunstâncias mais
difíceis: a palavra tinha de ser ouvida por todas as nações (2°Tm 4,17). A
ninguém podia ficar escondida a luz de Cristo! O mundo em que Paulo se
movimentava estava dividido entre a religiosidade rígida dos judeus farisaicos
e o mundo pagão, entre a dissolução moral e o fanatismo religioso. Nesse
contexto, o apóstolo anunciou o Cristo crucificado como a salvação: loucura
para os gregos, escândalo para os judeus, mas alegria verdadeira para quem nele
crê. Missão difícil. No fim de sua vida, Paulo pode dizer que “combateu o bom
combate e conservou a fé”. Essa afirmação deve ser entendida como fidelidade na
prática, tanto de Paulo como dos fiéis que ele ganhou. Como Cristo, o bom pastor,
não deixa as ovelhas se perder, assim também o apóstolo, enviado de Cristo, as
conserva nesse laço de adesão fiel, marca de sua própria vida.
PISTAS DE REFLEXÃO
Conforme
o evangelho, Simão responde pela fé dos seus irmãos. Por isso, Jesus lhe dá o
nome de Pedro, que significa sua vocação de ser “pedra”, rocha, para que seja
edificada sobre ele a comunidade dos que aderem a Jesus na fé. Pedro deverá dar
firmeza aos seus irmãos (cf. Lc 22,32). Essa “nomeação” vai acompanhada de uma
promessa: o reino do inferno não poderá nada contra a Igreja, que é uma
realização do reino do céu. A libertação da prisão, lembrada na primeira
leitura, ilustra essa promessa. Jesus confia a Pedro “o poder das chaves”, o
serviço de administrador de sua “cidade”, de sua comunidade. Não se trata de um
poder ilimitado, mas de responsabilidade pastoral, que concerne à orientação
dos fiéis para a vida em Deus, no caminho de Cristo.
Se
Pedro aparece como fundamento institucional da Igreja de Jerusalém, Paulo
aparece mais na qualidade de fundador carismático, a partir dos gentios e
pagãos. Transformado por Cristo em mensageiro seu (“apóstolo: enviados de
Cristo”), ele realiza, por excelência, a missão dos apóstolos de serem
testemunhas de Cristo “até os extremos da terra” (cf. At 1,8). As cartas a
Timóteo, escritas na prisão em Roma, é a prova disso, pois Roma é a capital do
mundo, era a ponte principal e oportuna para ligar o evangelho se espalhar por
todo o mundo civilizado daquele tempo. Paulo é o “apóstolo das nações pagãs e
gentias”. No fim da sua vida, pode entregá-la como “oferenda adequada” a Deus,
assim como ensinou (Rm 12,1). Como Pedro, ele experimenta Deus como o Deus que
liberta da tribulação (cf. a primeira leitura).
E qual será, hoje, o bom
combate? Como no tempo
de Pedro e Paulo, a luta pela justiça e pela verdade em meio a abusos,
contradições e deformações. Por um lado, a exploração desavergonhada, que até
se serve dos símbolos da nossa religião para fins lucrativos; por outro, a
tentação de largar tudo e dizer que a religião é um obstáculo à emancipação
humana. Nossa luta é, precisamente, assumir a libertação em nome de Jesus,
sendo-lhe fiéis; pois, na sua morte, ele realizou a solidariedade mais radical
que podemos imaginar.
ORAÇÃO PARA O GRUPO
Concedei-nos,
ó Deus, por este pão partilhado, viver de tal modo na vossa Igreja de Cristo,
que, perseverando na fração do pão e no anúncio do evangelho da Vida em
conjunto com os discípulos (as), e enraizados no vosso amor, sejamos um só
coração e uma só alma. Por Cristo, nosso Senhor. Amém!
BIBLIOGRAFIA
CONSULTADA:
MESTERS, C.; OROFINO, F. Pé no chão,
sonho no coração. Olhar no espelho das primeiras comunidades. Círculos Bíblicos
dos Atos dos Apóstolos (1a parte: At 1,1 a 11,18). São Leopoldo: CEBI, 2001,
146 p.
MOXNES, H. A Economia do Reino: Conflito
Social e Relações Econômicas no Evangelho de Lucas. Traduzido do inglês por
Thereza Christina F. Stummer. São Paulo: Paulus, 1997, 166 p.
RICHARD, P. O Movimento de Jesus depois
da Ressurreição: Uma Interpretação Libertadora dos Atos dos Apóstolos.
Traduzido do espanhol por José Afonso Beradin. São Paulo: Paulinas, 1999, 223
p.
RIUS-CAMPS, J. O Evangelho de Lucas: O
Êxodo do Homem Livre. Traduzido do espanhol por João Rezende Costa. São Paulo:
Paulus, 1997, 363 p.
STORNIOLO, I. Como ler o Evangelho de
Lucas: Os Pobres Constroem a Nova História. 5. ed. São Paulo: Paulus, 1997, 222
p.
Produzido
por Valdeci de Oliveira-Biro
Coordenador
do CEBI-Centro de Estudos Bíblicos-VR
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