quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Princípios da interpretação bíblica - Valdeci de Oliveira - Biro -CEBI VOLTA REDONDA

Princípios da interpretação bíblica


Divergências na fé costumam ser fruto, entre outros, de diferentes maneiras de entender a Bíblia. Confrontam-se uma interpretação literal e outra mais liberal. Joga-se a leitura popular contra a exegese acadêmica, e vice-versa. Denunciam-se o preconceito e a distorção arbitrária. De fato, a Bíblia pode ser abusada para dar legitimidade aparente às mais absurdas convicções. Torna-se objeto de disputa entre facções cristãs. Como assegurar-lhe a função de bússola da fé e protege-la contra o perigo de ser degradada a pedreira, da qual todos se servem a bel-prazer.

É tarefa da comunidade cristã zelar pela leitura bíblica e exigir-lhe disciplina. Certamente a Bíblia pode, ela mesma defender-se contra a violência dos intérpretes. A verdade cedo ou tarde vai julgar os defraudadores. Mesmo assim, esses podem causar estragos, que é preciso evitar. Há regas a observar quando se lê a B[iblia, no que a igreja luterana se vê particularmente comprometida a insistir. Listamos as mais importantes:

a) Importa distinguir entre o que a Bíblia disse e o que ela diz. Como livro histórico falou em sua época. Não é permitido ignorar a diferença dos tempos e dos lugares sob pena de falsificar o sentido. Deve haver coerência entre os enunciados ontem e hoje. Para entender a Bíblia hoje, é preciso recorrer ao passado para então traduzi-la em novo contexto. Previne-se assim a manipulação dos textos.

b) Importa ler a Bíblia toda e resistir à tentação de isolar certas passagens. Cada versículo faz parte de um conjunto maior. A fragmentação dos textos favorece a confirmação de preconceitos dos e das intérpretes. Quem “filtra” a Bíblia para permanecer somente com as passagens “simpáticas” já não mais deixa a Bíblia falar. Deixou de aprender.

c) Importa ler a Bíblia criticamente, isto é, a partir de Jesus Cristo. Pois embora não seja permitido desconsiderar as partes “antipáticas”, os textos bíblicos necessitam de avaliação. A exaltação da vingança, por exemplo, que se observa em alguns salmos (Salmo 149,7, por exemplo), colide com o amor aos inimigos, pregados por Jesus. Algo análogo vale com relação à discriminação da mulher. Que Eva seja mais culpada do pecado que Adão (1 Timóteo 2.13ss) não pode ser sustentado perante o tribunal de Jesus Cristo. Os textos bíblicos não deixam de mostrar reflexos dos condicionamentos humanos de seus autores. Por isso mesmo, Jesus Cristo é o juiz da Escritura e da História da Salvação e de cada uma de suas partes.

d) Importa ler a Bíblia como membro da comunidade cristã. Não só eu leio a Bíblia. Outros leem também. Por isso devo testar a solidez da minha leitura no intercâmbio com os demais, sejam leigos, pastoras, acadêmicos, sejam pessoas do passado ou do presente. Ninguém tem um monopólio. O Espírito Santo distribui seus dons a todos.

Compreender exige esforço, humildade. A Bíblia é como um campo cheio de tesouros. Para encontra-los é necessário revirar a terra.






Valdeci de Oliveira-Biro-
Coordenador do CEBI-VR/ Assessor Bíblico GAEB- da Área Norte.
Comunicador da Rádio Sintonia do Vale: Programa Palavra & Mensagem. Dom.10 às 12 HS

valdecideoliveira@hotmail.com

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

ENCARTE BÍBLICO DIGITAL - José Geraldo Lima e Valdeci de Oliveira-Biro do CEBI-Volta Redonda

ENCARTE BÍBLICO DIGITAL DO CONSÓRCIO BÍBLICO PASTORAL DA DIOCESE(ICAR)- BARRA DO PIRAÍ VOLTA REDONDA-RJ


27° CÍRCULO BÍBLICO DE OUTUBRO:  LUCAS 16,19-31

LEMA: “Um pobre chamado Lázaro, cheio de feridas, que estava caído à porta do rico (Lc 16,20)”.

PREPARAR O AMBIENTE: Um pano estendido no chão, sobre ele um crucifixo, a Bíblia aberta no texto que vai ser lido, uma vela acesa (símbolo da luz), flores a figura de um mendigo (pobre e outra figura rico), uma faixa escrita com o lema do encontro.

ACOLHIDA: Animador/a - Estamos reunidos para ouvir o Evangelho de hoje que nos alerta o perigo da riqueza, que explora os pobres, diante de Deus. A nossa missão é dar continuidade ao Projeto de Deus. Reunidos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!
CANTO: Utopia (Cantando a Esperança nº332)

LEITOR: O pão que pertence aqueles que não têm nome e nem rosto é a vida dos pobres, quem os proíbe de viver em paz é sanguinário. É assassino do próximo quem lhes rouba os meios de vivencia; derrama sangue, quem despreza os pobres, pratica o gesto e atitude da arrogância e da prepotência e não vê no outro à imagem semelhança de Deus e que tem o direito sagrado de viver. Segundo Jó, riqueza é apropriação de ganhos que deverá um dia ser devolvidos aos mais fracos. O fato de alguém possuir mais que os outros não constituem a riqueza, contudo a posse de bens necessários não justifica desprezar o outro.

CANTO DE ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO: Buscai Primeiro (cantando a esperança nº 456)





Um olhar para o Evangelho de Lucas 16,19-31.

PARA REFLETIR:

1)Como nós podemos ajudar a aplainar as montanhas (grandes dificuldades da vida) que sustentam estruturas que geram lucro para poucos?
2)Frente a nossa realidade como esta sendo a nossa atitude pastoral: estamos pensando e agindo como ricos e soberbos ou como servos de Deus que edificam o reinado de Deus aqui na terra?

PRECES: Animador/a – Vamos colocar em forma de prece tudo aquilo que acabamos de refletir e meditar sobre o Evangelho em nossas vidas.  Ao termino rezar o Pai Nosso.

CELEBRANDO A VIDA: O pobre doente, caído e quase morto à porta do rico, com cachorros lambendo-lhe as feridas, à espera de migalhas que caíam da mesa do rico. O pobre morre e vai ao seio de Abraão, isto é, para vida do povo de Deus, junto a Deus. O Evangelho nos chama atenção ao conduzir a nossa vida a serviço do bem comum. Todos nós somos filhos e filhas de Deus, porém todos são iguais no plano de Salvação do Senhor da vida.

OREMOS: Animador/a – Com o sopro do Santo Espírito, nos impulsiona a amar e defender os filhos e filhas do Pai, vivendo o amor fraterno e a justiça que o Filho Jesus viveu e nos ensinou. Confiando na trindade santa: ao Pai, no Filho e no Espírito Santo, queremos ajudar a construir uma sociedade mais justa, com paz e segurança para todos. Amém!

BÊNÇÃO: Ó Deus da vida nos abençoe e confirme a obra de nossas mãos, a serviço do teu Reino. Amém!
CANTO: Quero ouvir teu apelo Senhor (Cantando a Esperança n° 689)
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!
TODOS: Para sempre seja louvado!



28° CÍRCULO BÍBLICO DE OUTUBRO:  LUCAS 17,1-21

LEMA: “Se vocês tivessem fé do tamanho de uma semente de mostarda, poderiam dizer a esta amoreira: Arranque-se daí, e plante no mar. Ela obedeceria a vocês”. (Lc 17,16b)

PREPARAR O AMBIENTE: Estender um pano no chão, sobre ele um crucifixo, uma vela acesa (símbolo da luz), a Bíblia aberta no texto que vai ser lido, um pires pequeno de sementes miúdas, uma faixa escrita com o lema do encontro.

ACOLHIDA: Animador/a - Irmãos e irmãs, a Palavra de Deus hoje nos convida olhar a nossa fé, nosso testemunho de vida cristã, que sustenta a nossa caminhada no seguimento de Deus. Iniciemos nosso encontro: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!
CANTO: Dom da vida (Cantando a Esperança nº 360).

LEITOR: A nossa missão é unir a comunidade, na família, no trabalho, na correção fraterna, e no perdão. Que o Senhor aumente a nossa fé e que ela nos anime e nos oriente na vida e na história, para sermos obedientes à Palavra de Deus que se manifesta na ternura. A vida que Deus  nos dá em Jesus Cristo é gratuitade, é graça.

CANTO DE ACLAMACÃO AO EVANGELHO: Vai Falar No Evangelho. (Cantando A Esperança N° 458).

Um Olhar Para O Evangelho De Lucas 17,1-21.

PARA REFLETIR:

1)“Somos empregados inúteis; fizemos o que devíamos fazer”, Como entender essa expressão de Jesus?
2)Em nossa comunidade por que há escândalos que abalam a fé das pessoas? Quais? Quem os provoca? Por que agimos assim?

PRECES: Animador/a - Vamos colocar em forma de prece, tudo aquilo que acabamos de refletir e meditar sobre o Evangelho em nossas vidas. Terminar rezemos o Pai-Nosso.

CELEBRANDO A VIDA: Se o Evangelho adverte os discípulos sobre os escândalos, é porque esta discriminação estava bem viva nas comunidades cristãs daquele tempo. Jesus sabe que os escândalos são inevitáveis. Mas ai daquele que os provoca. A comunidade é feita de pessoas imperfeitas, que erram e se ofendem continuamente. Sem perdão, a comunidade não poderia continuar. Ela existe para continuar praticando e vivendo o Projeto do Reino e ser presença do amor e da misericórdia de Deus.

OREMOS: Seja nossa luz nas trevas. Senhor, e na tua grande misericórdia, protege-nos de todos os escândalos durante o caminho de nossa existência terrestre. Reaviva em nós, em nossas comunidades, a luz da esperança e da fé; que brilhe em nossos corações o conhecimento da tua glória, que resplandeça em nós a face do Cristo, ele que reina contigo e o Espírito Santo, pelos séculos dos séculos. Amém!

BÊNÇÃO: Que o Deus da unidade nos faça capazes de cumprir sua vontade, fazendo tudo o que é bom, e agradável aos olhos de Deus. Agora e para sempre. Amém!
CANTO: Eis-me aqui Senhor (Cantando a Esperança nº 364).
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!
TODOS: Para sempre seja louvado!


29° CÍRCULO BÍBLICO DE OUTUBRO:  LUCAS 17,22-37

LEMA: “Quem procura ganhar a sua vida, vai perdê-la; e quem a perde vai conservá-la” (Lc 17,33).

PREPARAR O AMBIENTE: Estender um pano no chão, sobre ele um crucifixo, a Bíblia Sagrada aberta no texto que vai ser lido, flores, uma vela acesa (símbolo da luz), uma faixa escrita com o lema do encontro.

COLHIDA A: Animador/a - Sejam todas e todos reunidos na mesma fé em Jesus Cristo, que manifesta no Evangelho, a nossa salvação que depende dele. Estamos reunidos: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!
CANTO: Venham todos (Cantando a Esperança nº 344).

LEITOR: Devemos nos esforçar para que todas as pessoas tenham um encontro pessoal com Jesus Cristo, que possam ser atentos as verdades de Deus, que contagianos com a sua Palavra que nos orienta a nossa vida, a ser conduzida  a plenitude da vida gloriosa com Deus.

CANTO DE ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO: Aleluia, Aleluia! (Cantando a Esperança nº 419).

Um olhar para o evangelho de Lucas 17, 22-37.

PARA REFLETIR:

1) Como prever o dia do Filho do Homem(aquele que faz a ligação entre Deus e seu povo: Jesus Cristo)? Como analisaria o dia do julgamento e vinda do Reino da Justiça?
2) Como podemos de fato saber que o Reinado de Deus está no meio de entre nós?

Animador/a – Vamos colocar em forma de prece tudo aquilo que acabamos de refletir e meditar sobre o Evangelho e a nossa vida. Terminar com a oração Pai Nosso.

CELEBRANDO A VIDA: Jesus é o próprio Filho do Homem, o misterioso personagem que vem da parte de Deus para fazer o julgamento e instaurar o Reinado. Chegará o tempo em que os discípulos desejarão vê-lo, mas não poderão. Por quê? Porque Jesus “deverá sofrer muito e ser rejeitado por esta geração”. De fato, o julgamento e o Reinado serão frutos do seu testemunho até o fim, até a morte, sua morte nas mãos dos poderes injustos e os condenará. Então, ficará claro que o Reinado é o triunfo de justiça sobre a injustiça.

OREMOS: Animador/a – Senhor da vida, a tua vitória contra as forças opressoras deste mundo. Ela é capaz de destruir no coração do discípulo fiel a ganância pelo poder, o desejo de domínio e o materialismo. O seguimento de Jesus passa pelo dom da entrega de si mesmo, do consumir-se por amor ao Reinado e ao próximo.

BÊNÇÃO: Somos teus filhos e filhas amados de Ti, Queremos estar a seu serviço, com o coração e o pensamento abertos para discernir a assumir o teu projeto de amor. Contamos contigo para as tarefas que nos cabem, para estar firmes como discípulos e discípulas de Jesus.
- Que o amor do Pai nos lembre de sempre o valor dos seres humanos e da Criação inteira.
- Que a Boa Nova do Filho nos anime na promoção dos valores do Reino
- Que a luz do Espírito Santo nos inspire nas melhores escolhas. Amém!

CANTO: Missão de todos nós (Cantando a Esperança nº 687).
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!
TODOS: Para sempre seja louvado!


30° CÍRCULO BÍBLICO DE OUTUBRO: LUCAS 18,1-14.

LEMA: “Numa cidade havia um juiz que não temia a Deus, e não respeitava as pessoas” (Lc 18,2).

PREPARAR O AMBIENTE: Estender um pano no chão, sobre ele um crucifixo, uma vela acesa (símbolo da luz), a Bíblia aberta no texto que vai ser lido, flores, uma faixa escrita com o lema do encontro.

ACOLHIDA: Animador/a – Estamos unidos na fé no Deus da vida, que nos ensina: Primeiro é preciso buscar a justiça com perseverança, sempre nunca desanimar, certos de que Deus é justo e vai nos libertar com justiça. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!

CANTO: Sim eu quero (Cantando a Esperança nº 847).

LEITOR/A – A pessoa humana é vocacionado: inteligência, sentimentos, vontade, memória, capacidade de crescer e de viver alicerçado na justiça social. O desejo de Deusé que o homem e a mulher sejam o coração e o pensamento do mundo. Ele é premiado com capacidades de ordenar tudo o que foi criado para seu conforto e vida digna para seus irmãos e irmãs. Todos juntos são chamados a crescerem na direção da vida plena. Este é desejo de Deus.

CANTO DE ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO: tua palavra é vida senhor (Cantando a Esperança nº 760).

Um Olhar Para O Evangelho De Lucas: 18,1-14.

PARA REFLETIR:

1) Por que a busca da justiça deve ser o centro da nossa ação e oração do Cristão? Como isso acontece em nossas comunidades de Fé?
2) Explique essa expressão de Jesus: “O Filho do Homem quando vier, será que vai encontrar a fé sobre a terra”?

PRECES: Animador/a – Vamos colocar em forma de prece, tudo aquilo que acabamos de refletir e meditar sobre o Evangelho e a nossa vida. Terminar com o Pai Nosso

CELEBRANDO A VIDA: A viúva está no seu direito, mas ninguém lhe fez justiça. Ela recorre no juiz, mas este é corrupto, e a única arma dela é a insistência, a arma dos pobres. A parábola insiste sobre a busca perseverança de justiça. É isso que os pobres devem fazer; perseverar, na ação e na oração, buscando a justiça. Será que Deus lhes vai negar isso? Pelo contrário. O próprio Projeto de Deus é o Reinado da justiça. Mas há um desafio. Deus precisa dos homens e mulheres que busquem e lutem pela justiça. É assim que Jesus, o Filho de Deus, surgem, fazendo justiça e trazendo o Reino entre nós.

OREMOS: Senhor ensina-nos a ter sensibidade, clareza, de nossos gestos e atitudes de cristãos, no seguimento de vosso Filho Jesus Cristo. Que nós sejamos úteis fraternos, aqui na terra, onde habitamos com nossas famílias. Por isso, Senhor Jesus, nós queremos te agradecer permanentemente, que nos ilumine e nos dê firmeza na fé e caminha conosco na vida e na história. Amém!

BÊNÇÃO: O Senhor nosso Deus continua chamando homens e mulheres para o trabalho do teu Reino em Cristo, reconciliar todas as coisas. Ele pergunta: “A quem enviarei e quem há de ir por nós”. Amém!
CANTO: Pelas estradas da vida (Cantando a Esperança nº 793).
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!
TODOS: Para sempre seja louvado!



Encarte produzido por José Geraldo Lima e Valdeci de Oliveira-Biro

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

MESTERS, C.; OROFINO, F. Pé no chão, sonho no coração. Olhar no espelho das primeiras comunidades. Círculos Bíblicos dos Atos dos Apóstolos (1a parte: At 1,1 a 11,18). São Leopoldo: CEBI, 2001, 146 p.
MOXNES, H. A Economia do Reino: Conflito Social e Relações Econômicas no Evangelho de Lucas. Traduzido do inglês por Thereza Christina F. Stummer. São Paulo: Paulus, 1997, 166 p.
RICHARD, P. O Movimento de Jesus depois da Ressurreição: Uma Interpretação Libertadora dos Atos dos Apóstolos. Traduzido do espanhol por José Afonso Beradin. São Paulo: Paulinas, 1999, 223 p.
RIUS-CAMPS, J. O Evangelho de Lucas: O Êxodo do Homem Livre. Traduzido do espanhol por João Rezende Costa. São Paulo: Paulus, 1997, 363 p.
STORNIOLO, I. Como ler o Evangelho de Lucas: Os Pobres Constroem a Nova História. 5. ed. São Paulo: Paulus, 1997, 222 p.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

BIBLIA E ARQUEOLOGIA: HAPIRUS - HEBREUS – BEDUÍNOS - Valdeci de Oliveira-Biro-Coordenador do CEBI-Volta Redonda

BIBLIA E ARQUEOLOGIA: HAPIRUS - HEBREUS – BEDUÍNOS


Hapirus, hebreus e beduínos: surge um novo povo na região desértica localizada na margem oeste do continente asiático e na extremidade leste do mar mediterrâneo.

Canaã sempre foi um território disputado por ser uma passagem obrigatória para as caravanas de comerciantes e para os exércitos em tempos de guerra. A Arqueologia nos diz que na parte norte desse território, por volta de 500.000 anos atrás, já existiam pessoas habitando cavernas ou grutas. Na parte central do território, a ocupação humana iniciou-se por volta de 10.000 anos a.C.

Os estudiosos também concordam quando afirmam que essas populações mudaram o seu modo de vida, abandonando o nomadismo, assumindo um estilo de vida mais sedentário. Logo, começaram a surgir algumas cidades.

Hoje sabemos que a cidade de Jericó já existia nesse período inicial.

 Por volta de 4.000 anos a.C. outras cidades foram sendo edificadas nessa região. Diferentemente da região mesopotâmica e da egípcia, esses povos que habitavam Canaã não deixaram muitos registros escritos referentes à sua rotina de vida, conquistas ou derrotas. Existem muitas referências bíblicas a esse território (Ex 15, 15; Jz 5, 19 e Gn 12, 6; 13, 7).

 Na Bíblia nós podemos encontrar referências à sua extensão. Como exemplo, podemos citar Nm 34, 1-12 e Ez 47, 15-20.

Contudo, a primeira referência cartográfica desse território não tem origens bíblicas. Ela é conhecida com o nome de “Mapa de Mádaba”; nome da cidade na qual ele foi encontrado, próxima ao monte Nebo, na atual Jordânia, a leste do Mar Morto. Sua elaboração deu-se por volta do século VI a.C. Trata-se de um mosaico.

a) HAPIRUS: Os hapirus parecem ter sido homens e mulheres que vendendo a sua liberdade se colocavam ao serviço dos reis dos pequenos reinos (cidades-estados) que existiam no território de Canaã. A opinião mais aceita é a de que eles eram camponeses marginalizados que não se submetiam aos reis cananeus e nem ao faraó egípcio. Serviam como mercenários, atacando alguns reinos a mando de outros ou defendendo-os dos ataques externos. A classe dos hapirus vivia à margem dessas cidades-fortaleza, mergulhada na pobreza, vivendo em uma situação de semiescravidão. Pagavam pesados tributos (impostos) aos reis.

b) HEBREUS: Entre os hebreus e os hapirus existia uma grande semelhança: a pobreza na qual eles viviam mergulhados. Contudo, os hebreus não se organizaram em grupos armados para atacar ou para defender os reinos, conforme fosse conveniente.

 c) BEDUÍNOS: Essas tribos nômades que vagavam pelo deserto aparecem representadas na Bíblia pelas narrações patriarcais: Abraão, Isaac e Jacó. Eles e os seus descendentes eram seminômades que vagavam pelo território na busca de meios que garantissem a sua sobrevivência.

 A organização patriarcal e matriarcal familiar era uma marca registrada da vida desses clãs: o patriarca e matriarca (pai/mãe do clã) eram as autoridades máximas dos grupos. Possuía frente aos outros membros do grupo uma dupla autoridade: jurídica e religiosa. Para esses grupos, a terra era considerada como sendo um bem coletivo, pertencente a todos.

Os beduínos da região de Seir serão importantes para o processo de formação do povo e para a consolidação de uma fé comum pelo fato de que, para eles, a revelação de Deus veio acompanhada de um nome: YaHWeW. O nome desse grupo está ligado a um lugar geográfico específico: o Monte Sinai.

 O local exato no qual esse monte se encontra é uma questão difícil de ser respondida, dado que na Bíblia ele aparece com diversos nomes: “Horeb, a montanha de Deus” (Ex 3, 1; Dt 5, 2); “montanha de Deus” (Ex 18, 5) e “montanha” (Ex 19, 2). Tudo indica que as possibilidades para uma definição do local onde se encontra essa montanha se restringem a três: Edom, Madiã e a península do Sinai, no Egito.

Valdeci de Oliveira-Biro-
Coordenador do CEBI-VR/ Assessor Bíblico GAEB- da Área Norte.
Comunicador da Rádio Sintonia do Vale: Programa Palavra & Mensagem. Dom.10 às 12 HS