EXTENSIVO CEBI RJ
Janete Julio Martins
EVANGELHO DE JOÃO
CARACTERÍSTICAS , TEOLOGIA e OBJETIVO
No início era a Palavra e o Logos estava junto de Deus e o Logos era Deus (1,1). A grande sinfonia de abertura de João é o Verbo (Logos) sendo Deus e estando com Deus desde o começo .
Notamos que Marcos começa com João Batista; Mateus, que está preocupado com os judeus de suas comunidades, vai até Abraão; Lucas, que tem diante de si a “ninguenzada”, vai até Adão, vai para além do judaísmo; e João, um tempo depois vai à realidade do Eterno, à essência do ser Messias: Ele era Deus desde sempre.
Na cultura helenista, “lógos” significa “palavra, discurso, narrativa”. No hebraico, “dabar”- palavra, que está relacionada com “verdade”. Qdo João fala de palavra, ele está falando diretamente de Deus, da sua Sabedoria, da sua Essência, o próprio Filho. Palavra/Logos/ Jesus – No início (começo – Gn) já existia a Palavra.O fundamento da obra joanina: Jesus é o Cristo desde sempre, porque estava junto ao Pai e era como o Pai (= Deus).
A época da comunidade joanina é muito diferente de Mc e Mt. É mais difícil. Enfrenta fortes perseguições externas e tensões internas. Ele precisava “segurar” a comunidade dos ataques e ameaças externos e crises internas. O Logos (Palavra) era fundamento de comunhão, era a sintonia com o Pai, era o jeito de o cristão viver com o seu próximo. Ele mostrou que se fazia necessário substituir as instituições existentes, pois eram como talhas vazias.
O novo jeito de ser povo escolhido, povo de Deus, era este: ser capaz de lavar os pés do seu próximo, como sinal de inferioridade. A inferioridade é o fundamento cristão da fraternidade. O sacerdócio não seria mais por tradição, descendência ou primogenitura. Ele será um serviço (diaconia) , não será uma posição social para projeção pessoal , mas será um doar a vida como quem serve. Os temas preferidos da literatura joanina propostos por Jesus: amor fraterno, a comunhão-partilha (koinonia), solidariedade, poder-serviço, perdão,promoção da vida, paz e comprovação da própria fé. Impressiona o contraste entre a afetividade com que trata os leitores, “filhinhos” (1Jo 2,1.12.18. 28; 3,7.18; 4, 4; 5, 21) e a dureza com que xingava os adversários de “anticristos” (1Jo 2, 18. 22; 4, 3; 2Jo 7). Quanto à eclesiologia, a comunidade é bem original. Nada de epíscopos, presbíteros, diáconos e nem mesmo apóstolos. É uma comunidade de discípulas e discípulos. O autor de 2 e 3 João se apresenta como “mais velho” (sênior).
O único dirigente e mestre da comunidade é o Espírito Santo. O importante não é a hierarquia, mas a vivência da fé e do amor. É da situação de perseguição ou de um mundo hostil que nasce a teologia (Jo 16). Trata-se de uma comunidade que sempre cresce em sua fé e em seu testemunho. Ela vive do Espírito para atualizar a imagem e a sabedoria de Jesus,. Possui uma identidade própria e e bem definida. Aprofunda, continuamente, a sua maneira de compreender a missão e a pessoa de Jesus Cristo e a missão do Espírito Santo. A confissão de fé em Jesus realiza o julgamento verdadeiro, e não é julgamento seguindo as aparências realizado pelos fariseus (7,14-24). È a revelação da verdade sobre Deus e sobre o mundo. Em Jo 17,14-17 está claro que “não ser do mundo”, mas “estar no mundo” é, na verdade, viver relações alternativas, diferentes das que o sistema dominante impõe. A linguagem deste evangelho vai mais fundo, revela o sentido, o significado que está além das palavras. Apesar de os relatos terem como fonte fatos históricos, precisamos buscar o sentido, além do natural, atribuído a eles. Os sinais foram escritos para levar seus leitores a acreditar que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e para que crendo nele, tenham vida. A palavra crer ou acreditar encontra-se 89 vezes neste Evangelho. O 4º evangelho fortalece a adesão, o acreditar em Jesus Cristo, para resistir frente a todas essas perseguições e pressões, mantendo a fidelidade ao seu projeto de vida, e vida em abundância. Por isso, persiste em permanecer no amor de Jesus. Este fortalecimento da adesão a Jesus se destina a pessoas da terceira geração e que não viram pessoalmente, mas nele creram.
REDAÇÃO DO EVANGELHO : +- anos 80 – 110
A redação do Evangelho de João aconteceu num espaço de 20 ou mais anos. Não é aconselhável afirmar que tenha sido escrito por uma única pessoa, ainda que fosse o João evangelista. Textos isolados foram aparecendo, foram organizados e costurados por uma pessoa ou grupo de pessoas ( acréscimos). Apesar de estar bem organizado, apresenta falhas de costura. Nessa fase as comunidades entram em choque com grupos diferentes. Estas considerações levam a concluir que o evangelho não foi escrito de uma só vez, nem por uma única pessoa. É o resultado de um longo processo redacional, que durou várias décadas, fruto de releitura da comunidade em situações novas que surgiram. Isso explica duas conclusões do evangelho: (Jo 20, 30-31) e (Jo 21, 24-25),reconhecendo a autoridade das igrejas petrinas, já não conseguindo mais manter a experiência do discipulado de iguais. São levadas a aceitar uma articulação mais estreita com as igrejas petrinas, reconhecendo sua autoridade e assumindo seu modelo hierárquico.
Na segunda metade do segundo século, seus escritos fora atribuídas ao apóstolo João, filho de Zebedeu, irmão de Tiago. O lugar não deve ter sido outro que Éfeso, onde fervilhavam teorias. DESTINATÀRIOS
Nota-se uma insistência muito forte à comunhão,à unidade, ao amor, à resistência e que os cristãos estão num novo êxodo. Dentro das perseguições, o evangelho destina-se aos cristãos perseguidos pelo império romano e pela sinagoga. Como descreve o autor da primeira Carta de Pedro, eles estão sem pátria e sem teto. São os conselhos do Pai, do Ancião, do homem cheio de amor e bondade para com os “filhinhos” inexperientes, ingênuos. Ele não os quer vítimas da ingenuidade, mas profetas da Liberdade e da Verdade, pois só ela libertará (8,32).
QUEM É O DISCÍPULO AMADO? Significado da palavra João – Deus concede Graças ou Deus Consola O Discípulo Amado era uma figura-chave para a comunidade, pois ele lhes transmitiam o seu testemunho sobre Jesus (Jo 19, 35; 21,24) Associando com a figura do Teófilo de Lucas, João deve ter visto não um discípulo específico, mas a figura ideal de discípulo. Por outro lado, João evidencia esse ideal de discípulo em relação ao real, ao cotidiano do discipulado, que é Pedro. Tudo que o Discípulo Amado é, Pedro não é. A figura do Discípulo Amado serve de contraste para Simão Pedro.
DISCÍPULO AMADO X PEDRO
Ele está ao pé da cruz (19, 26-27) Ele e outros fogem (16, 32);
Na ceia ele está perto, (13, 23-26) Ele está longe e faz indagações.
Na prisão, ele entra e sai para buscar Pedro Ele chega depois, indiferente (18,15). (18,16);
No sepulcro, chega antes e acredita (20, 4.8) Chega depois, fica indiferente.
Na pesca da Galiléia, reconhece (21,7. 15-18). Não reconhece, (vergonha) por estar nu.
Não podemos saber o nome do Discípulo Amado, embora possamos suspeitá-lo: Ele é um antigo discípulo de João Batista. Começou a seguir Jesus na Judéia, quando o próprio Jesus estava bem próximo do Batista. Participou da vida do seu mestre durante a sua última estada em Jerusalém. Era conhecido do sumo sacerdote. Sua ligação com Jesus foi diferente da de Pedro, o representante dos doze.
O Discípulo Amado pode ser uma personalidade histórica coletiva, ou a própria comunidade joanina.
Este não era um dos Doze, mas era discípulo e amigo de Jesus.
CONTEXTO HISTÓRICO
Comunidades joaninas As comunidades joaninas são as “Igrejas Primitivas” também chamadas comunidades do “Discípulo Amado”. As comunidades joaninas manifestam-se na herança dos escritos atribuídos a João: Livro do Apocalipse (Ap), Evangelho de João (Jo), as Cartas: Primeira João (1Jo), Segunda João (2Jo) e Terceira (3Jo). Na medida em que a comunidade ia se desenvolvendo, primeiro começou a ter problemas com os sacerdotes do Templo, depois com os fariseus, e, finalmente com as proprias comunidades fundadas pelos Doze. Com o tempo a comunidade é levada a sair da Palestina e a instalar-se na Ásia Menor. Essas comunidades determinadas, mesmo em meio ao conflito com o império na Ásia Menor, buscavam um caminho diferente, menos institucionalizado e mais ecumênico. Características das comunidades joaninas: · Comunidades de periferia; · Sem poder; (tinha poder-serviço) · Marginalizadas; · Excluídas do Sistema. Formação da comunidade (anos 50 – 80 aproximadamente) A tradição situa as comunidades joaninas na região de Éfeso, na Ásia Menor (veja o mapa). A origem dessas comunidades não pode ser determinada com exatidão. Foram surgindo lentamente durante 30 anos aproximadamente. O Evangelho e as Cartas não nomeiam nem situam as comunidades geograficamente. No Apocalipse os capítulos 2 e 3 falam de sete (7) comunidades concretas ou igrejas (Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia, e Leocádia). Certamente as comunidades joaninas eram muito mais numerosas. A comunidade mais velha provavelmente era Éfeso, o ponto de partida para a expansão da mensagem cristã. Os grupos de origem das comunidades ligadas ao Discípulo Amado viviam na Palestina, provavelmente na Galiléia. Comunidades que foram se formando a partir de um grupo de cristãos de origem judaica. Comunidades acolhedoras que recebiam qualquer pessoa de qualquer procedência: os discípulos de João Batista (cf. Jo 1, 35ss), os samaritanos (cf. Jo 4), os helenista (cf. Jo 7, 35; 12, 20), os judeus expulsos da sinagoga (cf. Jo 9, 22; 12, 42. 16,2).
O que vem acarretar conflitos externos e confrontos inevitáveis (80 -100, aprox), mas essa pluralidade de culturas faz crescer e enriquecer a fé. A comunidade joanina é uma afluência de vários grupos com suas respectivas tradições religiosa.
a) Grupo “mundo”
Essa palavra tem pelo menos 4 significados: existência, universo, humanidade e sociedade (sociedade corrompida, injusta e opressora). Trata-se da sociedade greco-romana, com suas leis, sua cultura, seu sistema político-econômico e principalmente, seu poderio militar. Naquele contexto histórico-social, o mundo em que se inseria a comunidade joanina tinha interesses coincidentes com o judaísmo formativo. O povo judeu jamais se conformara com a dominação romana.
b) Grupo “judeu”
A palavra “judeu”, no Evangelho às vezes representa todo o povo judeu. Nesse caso, por trás escondem-se as autoridades do povo judeu, em parte responsáveis pela morte de Jesus e dos cristão no tempo em que o Evangelho está sendo escrito. Havia os judeus da sinagora que expulsaram os cristãos (9,22) e também os judeus que criam em Jesus (2,23-25) .
c) Grupo “seguidores de João Batista”
Atos 19,1-7 dá a entender que, desde o ano de 54, em Éfeso, já havia seguidores de João Batista, personagem importante no Evangelho de João. Estudos recentes afirmam que o Prólogo (Jo 1,1-18), esse hino, na sua origem seria uma poesia dedicada a João Batista. De fato, examinando Jo, 1-18, nota-se que os versículos 6-8 e 15 são uma espécie de cunha, um acréscimo para esclarecer que João Batista é simples testemunha que leva as pessoas a crer em Jesus. Ele reconhece que deve diminuir até desaparecer, ao passo que Jesus deve crescer (3,30), e à medida que dá testemunho, se esvazia e perde discípulos (1, 35-39). Nessa dimensão, é sinal de que as comunidades joaninas tiveram sérios enfrentamentos com os seguidores de João Batista. Em 3,23-36 o problema é que Jesus batiza e tem mais discípulos que João.
d) Grupo “criptocristãos” (cristãos “em cima do muro”)
São pessoas que deram sua adesão a Jesus, mas têm medo de confessar publicamente a própria fé. Se fizessem seriam expulsos da sinagoga como o cego que Jesus curou na piscina de Siloé (Jo 9,1-38). Duas personagens do Evangelho de João representam bem esse grupo: são Nicodemos e José de Arimatéia. Os dois pertenciam à elite dos judeus. José de Arimatéia usa seu prestígio (talvez pagando propina) para convencer Pilatos a deixar que o corpo de Jesus seja retirado da cruz (Jo 19,38b). Os romanos deixavam os corpos apodrecendo na cruz, para servir de alerta a quem ousasse discordar do sistema, do “mundo”.
e) Grupo “cristãos judeus de fé inadequada” (insuficiente)
As comunidades do Discípulo Amado não poupam críticas a esse grupo em seu Evangelho. O grupo segue Jesus até servir aos próprios interesses. O trecho a seguir começa reclamando desse grupo e termina mostrando a desistência do mesmo (Jo 6,60-66).
f) Grupo “cristãos das igrejas apostólicas” (hierarquizadas)
As comunidades joaninas não tinham um poder centralizado e centralizador como as outras comunidades cristãs do fim do I século e início do II século. Eram extremamente fraternas e iguais. A imagem mais significativa a esse respeito é a da videira (Jesus) e os ramos (os fiéis) capítulo 15. Para entender basta observar o papel das mulheres no Evangelho de João. As comunidades joaninas reagem contra as igrejas hierarquizadas representadas por Pedro. Pedro ao encontrar-se com Jesus pela primeira vez recebe um desafio que é procurar a própria identidade, representada pelo nome que Jesus lhe impõe, Cefas. Mas Simão nunca é chamado de Cefas. Jesus o chamava se Simão, filho de João. (21,15-19). Excetuado dois textos (Jo 6, 67-71) e o capítulo 21, que certamente são acréscimos posteriores, Pedro se debate constantemente à procura de um eixo que lhe dê equilíbrio.
g) Grupo dos dissidentes
Grupos com outras idéias, como helenizantes ou gnósticos, Mais que no Jesus histórico, acreditavam no Jesus transfigurado.
Política e economia
A Palestina vive desde 63 a.C., sob o domínio do Império Romano.
No ano 39 d.C., o imperador Calígula (37-41 d.C.) quis intensificar o culto ao imperador para unificar o grande império. Depois da morte de Agripa I, em 44d.C. (At 122,23), toda a Palestina passou a ser uma provìncia romana. Em 41 d .C., o imperador Cláudio (41-54) expulsou os judeus de Roma. O seu sucessor Nero (54-68) perseguiu os cristãos. Houve martírio dos apóstolos e massacres de judeus em várias partes do império.
A situação sócio política da Palestina tinha se tornado cada vez mais confusa e pesada. O povo já não aguantava mais a exploração do império romano. No ano 66 desencadeou-se uma revolta generalizada dos judeus. Roma já não conseguia mais controlar a situação. Depois de muita brutalidade, depois de vários meses de cerco, o exército romano arrasou Jerusalém. Entre os anos 70 a 90 depois da guerra judaica contra Roma aconteceram muitas outras mudanças. Jerusalém e o Templo foram destruídos e nasceu o judaísmo rabínico, que teve a Academia de Jamnia como centro. A hegemonia farisaica dominou as sinagogas. Os judeus-cristãos foram expulsos do seio do judaísmo (16,2). . Muitos abandonaram as comunidades e se uniram definitivamente às sinagogas, seus lugares de origem. É um novo êxodo. Isso acentuou a perseguição do Império Romano Crise com o judaísmo (cap 9) e com o “mundo” (cap 13-20). O Concílio de Jamnia foi realizado nos finais do séc I d. C. ( +- 90) e destinou-se a procurar um rumo para o judaísmo após a destruição do Templo de Jerusalém . Por volta de 85, os cristãos que iam para as sinagogas discutir a lei e as profecias com os judeus, são expulsos. Muitos abandonaram as comunidades e se uniram definitivamente às sinagogas, seus lugares de origem. É um novo êxodo. As dificuldades entre cristãos e judeus se acentuaram.
Assim, as várias crises provocaram saídas da Palestina, indo de encontro ao mundo pagão e a Boa Nova espalhou-se pelo império. Devido a fatores de conjuntura internacional,conflitos,pagamento de tributos e impostos, mandar soldados para o exército, reconhecer a autoridade divina do imperador, cultuar as divindades romanas, e atender a interesses do império, faziam o povo cada mais refém e sem poder.. Por isso, onde as comunidades cristãs começavam a se formar, aos poucos, entravam em conflitos com a liderança local ou com os grupos de interesses como o da opinião pública, com a ideologia e religião oficiais. Sofreram crescente resistência do império. Muitos abandonaram a fé, o que criou novos problemas.
Em geral, o império romano respeitava as leis das províncias, cidades ou reinos, se não fossem contrários ao direito imperial. Em cada província romana foram colocadas as tropas, as legiões, administradas por um legado com poderes militares. A grande rede das” estradas romanas”,o combate aos bandidos e piratas provocaram uma grande mobilidade por mar e terra em todo território.
A sociedade Greco-romana se baseava na exploração do trabalho escravo. O escravismo tornou-se o “modo de produção”, a grande mão de obra. Aumentaram os latifundiários residentes nas grandes cidades do império. A população do campo que sustentava a cidade com toda a administração. Além disso precisava produzir para o comércio que funcionava na cidade. Todo o sistema econômico ficou baseado no comércio. Até circulava uma moeda própria. O conflito campo/cidade aumentou. A Cultura Greco-romana era uma cultura urbana. A cidade ficou o centro da irradiação da cultura helenística. Cada cidade/polis tinha ao menos um ginásio para a formação de jovens varões, um campo de esportes, a praça pública com acesso somente para os homens. Lá aconteciam as liturgias públicas em honra aos deuses, do imperador, os debates filosóficos e políticos entre os homens livres (demos). Apenas estes tinha a plena cidadania. Eram 10% da população. Existia também a praça do mercado, sinal da cultura mercantilista da época.
Desaparecimento das comunidades joaninas (por volta do ano 110) A parceria das comunidades do Discípulo Amado com as igrejas hierarquizadas teve consequências claras. O conflito interno foi superado, o grupo que criava discórdia dentro das comunidades joaninas foi afastado e se incorporou ao gnosticismo fazendo uma leitura gnóstica do Evangelho de João, o que reforçou a desconfiança das outras comunidades cristãs em relação ao Evangelho. As comunidades joaninas tiveram que ceder e se adaptar ao novo jeito de ser igreja. Abandonaram o Evangelho de João para adotar o de Mateus. Cederam com inteligência e criatividade, mas o preço foi alto e fatal: pouco a pouco foram absorvidas pelas comunidades hierarquizadas e diluíram-se nelas. Foram acrescentados ao Evangelho de João alguns textos importantes referentes à figura representativa de Pedro (Jo 6, 67-71 e o capítulo 21) e à Eucaristia (Jo 6, 51-58). O Evangelho de João passa por um longo processo de silêncio e desconfiança. Muito tempo depois, alguns escritores cristãos sem preconceitos o recuperam sem a influência do gnosticismo.
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As mulheres estão no momento –chave do Ev João
A tradição das comunidades joaninas reflete um modelo de igreja onde as mulheres tinham liderança e participação reconhecida. São sete os momentos de destaque:
*Maria introduz Jesus na vida pública levando-o a realizar o 1º sinal ( 2, 1-12);
*Leva a Boa Nova de Jesus a Samaria é uma mulher samaritana ( 4, 1-42)
*Jesus desmascara fariseus e escribas em relação à mulher adúltera ( 8, 1-11)
*A profissão de fé no messianismo de Jesus sai da boca de Marta ( 11,1-27)
*Maria, irmã de Marta antecipa o lava-pés de Jesus - poder serviço ( 13, 1-17)
*A mãe de Jesus, com outras mulheres, estavam ao pé da cruz (19,25-27)
*Aparição do ressuscitado a Maria Madalena ( 20, 11-18).
As festas
Segundo o evangelho, Jesus participou de muitas festas (2,1-11; 6,4-13; 2,13,23; 12,1; 5,1; 7,1-52; 10,22-42).
As festas significavam para a comunidade memória e compromisso, eram realização das promessas de Jesus.
A Páscoa e os Ázimos – eram festa da primavera, origem muito antiga. Tinha a ver com festas de pastores cananeus. Páscoa era Aliança.Trato de amizade garantido por Deus.
Pentecostes – também festa agrícola, ofertar primícias e pedir outra vez os dons da terra. Era uma festa de acolhida universal. Jesus acolheu samaritanos (4,39-42) e gregos (7,35; 12,20-21).
Tendas – ação de graças pela colheita e pela caminhada no deserto. Pedindo chuva do outono, iam em procissão e tiravam água da fonte de Siloé, que derramavam sobre o altar, recordando o rito na época do Templo. Neste ambiente Jesus se proclama Fonte de água viva ( 7,38).
BIBLIOGRAFIA
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Weiler, Lucia- PTP 124, CEBI 2001, págs 11 a 18
Janete Julio Martins –
Sub regional CEBI Duque de Caxias
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