terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Os Evangelhos – Curso Popular de Bíblia: Partilha, serviço e amor. - Fernando Henriques - CEBI Méier


CEBI MÉIER
Comunidade Renato Cadore

Os Evangelhos – Curso Popular de Bíblia:Partilha, serviço e amor.

Fernando Henriques

coordenador

 

“A Palavra se fez carne e armou sua tenda entre nós (João 1,14a).

  
    O Segundo Testamento é iluminado pelo Primeiro Testamento. Entendemos melhor a pessoa de Jesus à luz da experiência do Povo de Israel. Jesus realiza as esperanças contidas no Primeiro Testamento. Quem é Jesus? Como era a terra de Jesus? E seu tempo?
   Alguns fatos da época de Jesus
•        55 anos antes de Jesus nascer, os romanos invadiram a Palestina, entraram em Jerusalém e saquearam o Templo.
•        30 anos antes de Jesus nascer, Herodes, o Grande (ou Herodes Magno) tornou-se rei da Palestina e foi sempre subserviente aos romanos. Instalou-se em Jerusalém, construiu uma grande fortaleza e, para agradar aos judeus, começou a reconstruir o Templo.
•        Herodes mandou colocar a ÁGUIA, símbolo do Império Romano, em cima da porta do Templo, provocando a revolta do povo judeu.
•        O imperador Augusto ordenou aos judeus juramento de fidelidade ao Imperador. Seis mil fariseus se recusaram a fazê-lo e, por isso, foram perseguidos, presos e crucificados (fato ocorrido mais ou menos à época do nascimento de Jesus).
•        Quando Jesus tinha 10 anos, Herodes morreu. Em Jerusalém houve uma revolta. Varo, governador romano, perseguiu os rebeldes e crucificou cerca de dois mil deles.
•        Quando Jesus tinha 25 anos, Herodes Antipas, filho de Herodes Magno, rei da Galileia, mandou construir uma cidade sobre um cemitério judeu à margem do Lago da Galileia. Esta cidade tornou-se sua capital sob o nome de Tiberíades, em homenagem ao imperador Tibério. Isso gerou grande descontentamento no meio do povo judeu. Ao que consta, Jesus jamais entrou nessa cidade.
•        Quando Jesus tinha mais ou menos 30 anos, os romanos nomearam Pôncio Pilatos governador da Judeia e da Samaria.
    Jesus certamente tinha conhecimento destes fatos e certamente refletiu sobre eles. Deve ter comentado com seus vizinhos e amigos em Nazaré a respeito.
    A terra de Israel era dividida em três regiões principais:
•        Judeia – É a região ao sul. Jerusalém era sua capital administrativa e religiosa. Predominavam as áreas montanhosas. A terra era seca e árida, própria para o cultivo de olivais, figueiras, árvores frutíferas e raízes aromáticas para produção de perfumes e para criação de ovelhas e cabras. Nas cidades havia uma sociedade estratificada: nobreza, artesãos, escravos e estrangeiros. Em Jerusalém concentrava-se a elite sacerdotal, os latifundiários e os comerciantes.
•        Galileia – É a região mais ao norte. Seu solo é fértil. Havia latifúndios, onde se cultivava trigo, centeio e cevada. Havia também criação de gado bovino. No lago da Galileia, praticava-se a pesca e, em suas margens, havia indústrias de conservação de peixe. A principal organização era nas aldeias, onde a maioria do povo vivia da agricultura. A população da Galileia, por ser uma mistura de várias etnias, pela proximidade dos povos vizinhos e pelos contatos comerciais, era considerada impura pelos judeus, especialmente os da Judeia. Passavam por esta região duas grandes rotas comerciais. Uma passava próximo de Nazaré e ligava Gaza à Itureia e à Síria. A outra ligava Jerusalém e a Samaria à Fenícia, atual Líbano. As capitais da Galileia foram Séforis e Tiberíades.
•        Samaria – Esta região ficava entre a Judeia e a Galileia. Era rica, sobretudo em vinhedos. Havia uma grande produção de vinho. A origem de sua população era uma mistura de etnias. Por isso os judeus mais ortodoxos desprezavam o povo samaritano, considerando-o impuro e herético. Suas capitais foram Siquém, Tersa e Samaria.
•        Fora do espaço de Israel havia a Filisteia, a Idumeia, a Nabateia, a Pereia, a Decápole, a Triconítide, a Itureia, a Síria e a Fenícia.
    Como era a situação econômica na época de Jesus? O que era produzido: cereais, azeitonas, azeite, frutas, vinho, melado, gado bovino, ovelhas e cabras, porcos, pesca, artesanato, tecidos e perfumes.
    Quem produzia: lavradores de variadas categorias (pequenos proprietários, meeiros, assalariados, diaristas, trabalhadores sazonais e escravos), além de operários, artesãos, pescadores e pastores.
    Como era produzido:
•        Nas cidades residiam os grandes proprietários de terra, os senhores do comércio e os produtores de artesanato.
•        Nas aldeias havia pequenos proprietários, os diversos tipos de agricultores e artesãos (carpinteiros, pedreiros, marceneiros, canteiros, etc.).
•        Jerusalém era considerada a cidade santa, pois nela estava o Templo de Salomão. Ali vivia-se dos gastos e das doações dos peregrinos que a visitavam nas épocas de festa. Havia uma grande renda do comércio religioso, trocas de moedas, dízimos e sacrifícios.
•        O Templo funcionava como Banco Central, bolsa de valores e agência central de arrecadação de impostos. Era lá que ficavam os livros dos notários onde estavam anotadas as dívidas.
     Para quem era produzido: para Roma (Corte Imperial, exército e povo da capital). Também para Herodes e sua corte. Para as grandes famílias sacerdotais e da nobreza. O povo vivia taxado de impostos. Roma exigia da Palestina 6 milhões de denários ao ano. Um denário era a diária de um trabalhador.
     Os tributos eram cobrados assim:
•        Tributo: 25% da colheita;
•        Publicum: taxa sobre a circulação de mercadorias;
•        Anona: dinheiro e gêneros alimentícios para o sustento das tropas;
•        Impostos não oficiais: cobrados à revelia da lei pelos altos funcionários.
            Impostos por ser judeu:
•        Dízimo: 10% sobre a colheita devia ser entregue no Templo em produto ou o equivalente em dinheiro;
•        Dízimo pelos necessitados;
•        Imposto para manutenção do Templo;
•        Ofertas para sacrifícios de purificação ou por motivo das festas;
•        Estima-se que o pequeno proprietário pagava de impostos entre 65 e 75% de sua renda a cada ano.
      Neste contexto sócio-econômico viviam diversos grupos, tais como saduceus, filisteus, batistas, zelotas, essênios e o povo em geral.
     Surge na Galileia o profeta Jesus de Nazaré. A proposta apresentada por Jesus é o projeto de Deus para o homem. Esse projeto apresenta uma nova prática econômica (prática das mãos), uma nova prática política (prática dos pés), uma nova prática social (prática dos olhos) e uma nova prática religiosa (prática do coração).
     Acompanhando Jesus em sua missão, percebemos sua metodologia e a sua coerência. Percebemos sua fidelidade até a morte, e morte de cruz. E o próprio Jesus nos deixou, em forma de oração, a síntese de sua mística, o Pai Nosso (cf Mt 6,9-13).
    As comunidades primitivas atuam na partilha, no serviço e no Amor.

Livro-texto: “Os Evangelhos: partilha, serviço e amor”, de Tea Frigerio (CEBI-PA), coleção Curso Popular de Bíblia, vol. 5, 6ª edição, Editora CEBI, São Leopoldo, 2006.
   
     A Comunidade Renato Cadore, o CEBI Méier, vive o especial carisma da caminhada ecumênica. Seus membros têm em comum o gosto pelo estudo bíblico, a leitura popular da Bíblia, a leitura orante, o gesto concreto e, principalmente a compreensão da Bíblia e da Vida como revelações do Deus que nos ama sem quaisquer condições.
    Venha participar de nossas atividades e refletir conosco. Nossos encontros são aos sábados, das 9 às 12 horas, na Casa Pe Dehon (Rua Vilela Tavares, 154, Méier, 3º andar, bloco fundos).

CEBI Méier


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