CEBI
MÉIER
Comunidade Renato
Cadore
Os Evangelhos – Curso Popular de Bíblia:Partilha, serviço e amor.
Fernando Henriques
coordenador
“A Palavra se fez carne e armou sua
tenda entre nós” (João 1,14a).
O Segundo Testamento é iluminado pelo Primeiro
Testamento. Entendemos melhor a pessoa de Jesus à luz da experiência do Povo de
Israel. Jesus realiza as esperanças contidas no Primeiro Testamento. Quem é
Jesus? Como era a terra de Jesus? E seu tempo?
Alguns fatos da época de Jesus
• 55 anos antes de Jesus nascer, os
romanos invadiram a Palestina, entraram em Jerusalém e saquearam o Templo.
• 30 anos antes de Jesus nascer, Herodes,
o Grande (ou Herodes Magno) tornou-se rei da Palestina e foi sempre
subserviente aos romanos. Instalou-se em Jerusalém, construiu uma grande
fortaleza e, para agradar aos judeus, começou a reconstruir o Templo.
• Herodes mandou colocar a ÁGUIA, símbolo
do Império Romano, em cima da porta do Templo, provocando a revolta do povo
judeu.
• O imperador Augusto ordenou aos judeus
juramento de fidelidade ao Imperador. Seis mil fariseus se recusaram a fazê-lo
e, por isso, foram perseguidos, presos e crucificados (fato ocorrido mais ou
menos à época do nascimento de Jesus).
• Quando Jesus tinha 10 anos, Herodes
morreu. Em Jerusalém houve uma revolta. Varo, governador romano, perseguiu os
rebeldes e crucificou cerca de dois mil deles.
• Quando Jesus tinha 25 anos, Herodes
Antipas, filho de Herodes Magno, rei da Galileia, mandou construir uma cidade
sobre um cemitério judeu à margem do Lago da Galileia. Esta cidade tornou-se
sua capital sob o nome de Tiberíades, em homenagem ao imperador Tibério. Isso
gerou grande descontentamento no meio do povo judeu. Ao que consta, Jesus
jamais entrou nessa cidade.
• Quando Jesus tinha mais ou menos 30
anos, os romanos nomearam Pôncio Pilatos governador da Judeia e da Samaria.
Jesus certamente tinha conhecimento destes
fatos e certamente refletiu sobre eles. Deve ter comentado com seus vizinhos e
amigos em Nazaré a respeito.
A terra de Israel era dividida em três
regiões principais:
• Judeia – É a região ao sul. Jerusalém
era sua capital administrativa e religiosa. Predominavam as áreas montanhosas.
A terra era seca e árida, própria para o cultivo de olivais, figueiras, árvores
frutíferas e raízes aromáticas para produção de perfumes e para criação de
ovelhas e cabras. Nas cidades havia uma sociedade estratificada: nobreza,
artesãos, escravos e estrangeiros. Em Jerusalém concentrava-se a elite
sacerdotal, os latifundiários e os comerciantes.
• Galileia – É a região mais ao norte. Seu
solo é fértil. Havia latifúndios, onde se cultivava trigo, centeio e cevada.
Havia também criação de gado bovino. No lago da Galileia, praticava-se a pesca
e, em suas margens, havia indústrias de conservação de peixe. A principal
organização era nas aldeias, onde a maioria do povo vivia da agricultura. A
população da Galileia, por ser uma mistura de várias etnias, pela proximidade
dos povos vizinhos e pelos contatos comerciais, era considerada impura pelos
judeus, especialmente os da Judeia. Passavam por esta região duas grandes rotas
comerciais. Uma passava próximo de Nazaré e ligava Gaza à Itureia e à Síria. A
outra ligava Jerusalém e a Samaria à Fenícia, atual Líbano. As capitais da
Galileia foram Séforis e Tiberíades.
• Samaria – Esta região ficava entre a
Judeia e a Galileia. Era rica, sobretudo em vinhedos. Havia uma grande produção
de vinho. A origem de sua população era uma mistura de etnias. Por isso os
judeus mais ortodoxos desprezavam o povo samaritano, considerando-o impuro e
herético. Suas capitais foram Siquém, Tersa e Samaria.
• Fora do espaço de Israel havia a
Filisteia, a Idumeia, a Nabateia, a Pereia, a Decápole, a Triconítide, a
Itureia, a Síria e a Fenícia.
Como
era a situação econômica na época de Jesus? O que era produzido: cereais,
azeitonas, azeite, frutas, vinho, melado, gado bovino, ovelhas e cabras,
porcos, pesca, artesanato, tecidos e perfumes.
Quem produzia: lavradores de variadas
categorias (pequenos proprietários, meeiros, assalariados, diaristas,
trabalhadores sazonais e escravos), além de operários, artesãos, pescadores e
pastores.
Como era produzido:
• Nas cidades residiam os grandes
proprietários de terra, os senhores do comércio e os produtores de artesanato.
• Nas aldeias havia pequenos
proprietários, os diversos tipos de agricultores e artesãos (carpinteiros,
pedreiros, marceneiros, canteiros, etc.).
• Jerusalém era considerada a cidade
santa, pois nela estava o Templo de Salomão. Ali vivia-se dos gastos e das
doações dos peregrinos que a visitavam nas épocas de festa. Havia uma grande
renda do comércio religioso, trocas de moedas, dízimos e sacrifícios.
• O Templo funcionava como Banco Central,
bolsa de valores e agência central de arrecadação de impostos. Era lá que ficavam
os livros dos notários onde estavam anotadas as dívidas.
Para quem era produzido: para Roma (Corte
Imperial, exército e povo da capital). Também para Herodes e sua corte. Para as
grandes famílias sacerdotais e da nobreza. O povo vivia taxado de impostos.
Roma exigia da Palestina 6 milhões de denários ao ano. Um denário era a diária
de um trabalhador.
Os tributos eram cobrados assim:
• Tributo: 25% da colheita;
• Publicum: taxa sobre a circulação de
mercadorias;
• Anona: dinheiro e gêneros alimentícios
para o sustento das tropas;
• Impostos não oficiais: cobrados à
revelia da lei pelos altos funcionários.
Impostos por ser judeu:
• Dízimo: 10% sobre a colheita devia ser
entregue no Templo em produto ou o equivalente em dinheiro;
• Dízimo pelos necessitados;
• Imposto para manutenção do Templo;
• Ofertas para sacrifícios de purificação
ou por motivo das festas;
• Estima-se que o pequeno proprietário
pagava de impostos entre 65 e 75% de sua renda a cada ano.
Neste contexto sócio-econômico viviam diversos grupos, tais como
saduceus, filisteus, batistas, zelotas, essênios e o povo em geral.
Surge
na Galileia o profeta Jesus de Nazaré. A proposta apresentada por Jesus é o
projeto de Deus para o homem. Esse projeto apresenta uma nova prática econômica
(prática das mãos), uma nova prática política (prática dos pés), uma nova
prática social (prática dos olhos) e uma nova prática religiosa (prática do
coração).
Acompanhando Jesus em sua missão,
percebemos sua metodologia e a sua coerência. Percebemos sua fidelidade até a
morte, e morte de cruz. E o próprio Jesus nos deixou, em forma de oração, a
síntese de sua mística, o Pai Nosso (cf Mt 6,9-13).
As comunidades primitivas atuam na
partilha, no serviço e no Amor.
Livro-texto:
“Os Evangelhos: partilha, serviço e amor”, de Tea Frigerio (CEBI-PA), coleção
Curso Popular de Bíblia, vol. 5, 6ª edição, Editora CEBI, São Leopoldo, 2006.
A Comunidade Renato Cadore, o CEBI Méier,
vive o especial carisma da caminhada ecumênica. Seus membros têm em comum o
gosto pelo estudo bíblico, a leitura popular da Bíblia, a leitura orante, o
gesto concreto e, principalmente a compreensão da Bíblia e da Vida como
revelações do Deus que nos ama sem quaisquer condições.
Venha participar de nossas atividades e refletir
conosco. Nossos encontros são aos sábados, das 9 às 12 horas, na Casa Pe Dehon
(Rua Vilela Tavares, 154, Méier, 3º andar, bloco fundos).
CEBI Méier
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