domingo, 3 de julho de 2016

Por quem os sinos dobram - Gleides- Cebi Nova Iguaçu


                                              Por quem os sinos dobram


     Na plaquinha colocada na porta da capela mortuária consta o nome de uma mulher. Os transeuntes da pequena cidade param para ler o nome. Em alguns casos é colocado, também, o retrato da pessoa cujo corpo está sendo velado.
     
     Era jovem ou idosa? Morreu por quê? 

     Os sinos não dobram mais, no entanto, sabemos que nesse exato momento um ser humano está perdendo sua vida.

   Os meios de comunicação nos deixarão informados sobre os idosos sem atendimento médico; mulheres e meninas vítimas da violência; corpos de refugiados cobrindo as areias do litoral mediterrâneo; jovens e crianças executadas; indígenas e camponeses massacrados pela concentração de terra; trabalhadores e trabalhadoras soterrados pelo descaso e exploração... e sobre aqueles e aquelas que tiraram a própria vida levados por tantos motivos que não ouso nomeá-los. 

     Entre esses está o escritor Ernest Hemingway, brilhante autor de tantas histórias e personagens que carregavam dentro de si todo o universo de sentimentos que abriga o coração humano e que, há cinquenta e cinco anos (02/07/1961), usou um rifle para deixar esse mundo que tanto o encantava como também o angustiava.

     "Por quem os sinos dobram", intitulou ele uma de suas obras mais conhecidas.

     Dobram por todos que ele representa e pelas mulheres, crianças, jovens, velhos, indígenas..., e por mim, por você, por nós.

     Porque
" Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do
continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar,
a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me porque sou parte do gênero humano. E por isso
não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti".
                                                                                                 John Donne, 1624.



                                                                                    Gleides Ribeiro - Cebi Nova Iguaçu

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