segunda-feira, 18 de abril de 2016

PROFETA OSÉIAS - Valdeci de Oliveira Biro - Cebi-RJ /Sub-regional Volta Redonda

 PROFETA OSÉIAS

 “ Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício;
e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos”(Os 6,6).

O livro de Oséias é o primeiro da coleção dos doze profetas na sequência dos livros hebraicos e na versão grega dos “Setenta” (Septuaginta).  Significado de seu nome: Hoshea ou Oséias (“ele salva“) é o nome primitivo que Moisés troca por Josué (lehoshua, "é o Senhor que salva"), cf. Nm 13,16. Sobre a troca de nomes na Bíblia. cf. G n 3,28. Oséias é um dos profetas posterior ao profeta Amós. Oséias viveu no reino do Norte, “de Israel” (chama Jacó, 12,3; e, Efraim, 4,17), por volta de 750-725a.C.
O primeiro versículo do livro menciona um só rei de Israel: Jeroboão, filho de Joás. Esse Jeroboão II, teve longo e próspero reinado, mas foi o penúltimo rei da dinastia de Jeú, cuja próxima extinção do poder Assírio, que Oséias anunciou em 1,4 (em 2Rs 14,23-17,23 encontramos notícias dos reinados durante os quais se exerceu a atividade de Oséias).
 O capítulo sete, traz alusões ao conturbado período que se seguiu ao reinado de Jeroboão II: revoluções palacianas. Indicações cronológicas inseridas no início do livro são posteriores ao desastroso fim do reino do Norte; não há indício seguro de que Oséias tenha sabido da queda de Samaria; é provável que tais indicações sejam devidas a um redator de Judá, que as acrescentou no momento em que as palavras de Oséias foram recolhidas num único livro.
Contexto histórico, oráculos do livro de Isaías, contemporâneo de Oséias; todavia Judá sobreviveu mais de um século a seu irmão inimigo do Norte. O livro de Oséias mostra-nos Efraim - Israel em constante oscilação entre as duas potências (7,11), fazendo um jogo trágico resultado não escapa ao olhar lúcido do profeta: a queda sob o avanço arrasador dos assírios, com a repressão, a deportação das elites, política mediante a qual os conquistadores queriam garantir a sujeição definitiva das terras ocupadas (8,8); e a fuga ao Egito, para os que conseguissem escapar (9,6).
Contexto religioso e moral, denunciou em Israel, corrupção moral profunda (4,1-2: 6.7-10; 7,1), injustiça social, culpa das elites, infidelidade religiosa, raiz de todas as outras formas de corrupção e a causa de todas as desgraças. A sedução do sincretismo, perigoso, visto que israelitas queriam conciliar favores dos Deuses (as) de Canaã, tomando todas as cautelas para sobreviver bem, sem abandonar o Deus dos pais e mães. Este sincretismo religioso devia ser facilitado pelo fato de que, para alguns israelitas, não era senão o retomo a antigos costumes até certo ponto abandonado por ocasião da aliança de Siquém (Js 24).
O casamento do profeta, livro de Oséias, uma experiência que esclareceu ao ser humano o que pode ser o coração de Deus. Amando Gomer sua esposa (1,2ss), Oséias compreendeu e soube exprimir o amor do Senhor para com seu povo tal como era. É por isso que no livro de Oseias o amor dominante sobre a indignação e a cólera; todavia não se trata de amor hipócrita e ignorante, e sim de amor amadurecido pelo sofrimento, cuja exigência não reconhece o fracasso.
Somente entende-se o que é profeta a partir da sua experiência pessoal, promovida numa aliança da causa de Deus com a causa dos necessitados. Deus contemplado e experimentado é o Deus da história salvífica.  Para os profetas é uma coisa só pensar em Deus e pensar na causa dos pobres. No profetismo, experimentar Deus é abraçar a causa dos excluídos. “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Gl 5,14; Mc 12,28-34).

Valdeci de Oliveira Biro
Pós-Graduado em Especialização Bíblica na área de Assessoria e Metodologia
 Pelo CEBI e Faculdade EST: Escola Superior de Teologia
Luterana de São Leopoldo-RS.
Membro da ABIB: Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica do Brasil-SP.

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