PROFETA OSÉIAS
“ Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício;
e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos”(Os 6,6).
O livro de Oséias é o primeiro da coleção dos doze profetas na sequência dos livros hebraicos e na versão grega dos “Setenta” (Septuaginta). Significado de seu nome: Hoshea
ou Oséias (“ele salva“) é o nome primitivo que Moisés troca por Josué
(lehoshua, "é o Senhor que salva"), cf. Nm 13,16. Sobre a troca de
nomes na Bíblia. cf. G n 3,28. Oséias é um dos profetas
posterior
ao profeta Amós. Oséias viveu no reino do Norte, “de Israel” (chama Jacó, 12,3; e, Efraim, 4,17), por volta de
750-725a.C.
O primeiro versículo do
livro menciona um só rei de Israel: Jeroboão, filho de Joás. Esse Jeroboão II,
teve longo e próspero reinado, mas foi o penúltimo rei da dinastia de Jeú, cuja
próxima extinção do poder Assírio, que Oséias anunciou em 1,4 (em 2Rs
14,23-17,23 encontramos notícias dos reinados durante os quais se exerceu a
atividade de Oséias).
O capítulo sete, traz alusões ao conturbado período
que se seguiu ao reinado de Jeroboão II: revoluções palacianas. Indicações
cronológicas inseridas no início do livro são posteriores ao desastroso fim do
reino do Norte; não há indício seguro de que Oséias tenha sabido da queda de Samaria;
é provável que tais indicações sejam devidas a um redator de Judá, que as
acrescentou no momento em que as palavras de Oséias foram recolhidas num único
livro.
Contexto histórico,
oráculos
do livro de Isaías, contemporâneo de Oséias; todavia Judá sobreviveu mais de um
século a seu irmão inimigo do Norte. O livro de Oséias
mostra-nos Efraim - Israel em constante oscilação entre as duas potências
(7,11), fazendo um jogo trágico resultado não escapa ao olhar lúcido do
profeta: a queda sob o avanço arrasador dos assírios, com a repressão, a
deportação das elites, política mediante a qual os conquistadores queriam
garantir a sujeição definitiva das terras ocupadas (8,8); e a fuga ao Egito, para
os que conseguissem escapar (9,6).
Contexto religioso e moral,
denunciou em Israel, corrupção moral profunda (4,1-2: 6.7-10; 7,1), injustiça
social, culpa das elites, infidelidade religiosa, raiz de todas as outras
formas de corrupção e a causa de todas as desgraças. A
sedução do sincretismo, perigoso, visto que israelitas queriam
conciliar favores dos Deuses (as) de Canaã, tomando todas as cautelas para
sobreviver bem, sem abandonar o Deus dos pais e mães. Este sincretismo
religioso devia ser facilitado pelo fato de que, para alguns israelitas, não
era senão o retomo a antigos costumes até certo ponto abandonado por ocasião da
aliança de Siquém (Js 24).
O casamento do profeta,
livro de Oséias, uma experiência que esclareceu ao ser humano o que pode ser o
coração de Deus. Amando Gomer sua esposa (1,2ss), Oséias compreendeu e soube
exprimir o amor do Senhor para com seu povo tal como era. É por isso que no
livro de Oseias o amor dominante sobre a indignação e a cólera; todavia não se
trata de amor hipócrita e ignorante, e sim de amor amadurecido pelo sofrimento,
cuja exigência não reconhece o fracasso.
Somente entende-se o
que é profeta a partir da sua experiência pessoal, promovida numa aliança da
causa de Deus com a causa dos necessitados. Deus contemplado e experimentado é
o Deus da história salvífica. Para os profetas
é uma coisa só pensar em Deus e pensar na causa dos pobres. No profetismo,
experimentar Deus é abraçar a causa dos excluídos. “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Gl 5,14; Mc 12,28-34).
Valdeci de Oliveira Biro
Pós-Graduado em Especialização Bíblica na área de Assessoria e
Metodologia
Pelo CEBI e Faculdade EST: Escola
Superior de Teologia
Luterana de São Leopoldo-RS.
Membro da ABIB: Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica do Brasil-SP.
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