AMÓS: O
profeta da justiça social.
‘Ninguém
pode ser excluído da Misericórdia de Deus.
A Igreja é a casa que acolhe todos e não
rejeita ninguém’.
Papa Francisco @Pontifex_pt 17 de mar.
O profeta Amós nasceu em Técua, povoado de
Judá, 9 km a sudeste de Bet (casa)-Lehem (pão): significado da cidade de Belém
é casa do pão. (cf. 2°Sm 14,2: 2°Cr
11,6). Amós
atuou no reinado de Jeroboão II (782-753 a.C.), reino do Sul. Gozava de uma
situação econômica confortável. Proprietário de grandes rebanhos (cf. 2° Rs
3,4). Responsável por rebanhos do rei de
Jerusalém. (Cf. v. 2, pastor, e 7,14; nota Biblia TEB.). Diante do milagre econômico Israelita, respirava-se uma relativa paz social.
Yahweh* o arranca do campo (7,10-14), para
convertê-lo em profeta em Israel, a fim denunciar a podridão subterrânea e o
faz isso com coragem. Na Samaria, Amós era capaz de ver dentro dos palácios,
por debaixo dos leitos de marfim, no fundo dos copos de vinhos dos banquetes
dos ricos: violência e rapina. Sua
palavra perturbava o rei, a alta sociedade e os sacerdotes... Presença de um
homem livre passando por entre homens vinculados ao poder explorador sobre a
vida de muitos inocentes é profundamente perturbadora e ofensiva para Yahweh.
O profeta
é homem da crise. Encara a crise de frete, reconhece-a e assume-a e agrava-se.
Quando outros estão interessados em oculta-la e encobri-la sua tarefa é
desmascará-la e desvelá-la. Seu olhar é tão límpido e tão fixo que a crise
começa a refletir-se e a espelhar-se em seus olhos e sua existência mesma se
torna crítica, sua simples presença instaura a krísis palavra grega que significa: agravamento do julgamento, do
discernimento, da divisão. O profeta é visto como um homem perigoso,
indesejável, “sinal de contradição”, “homem das calamidades” (Cf 1°Rs
22,1-28;18,16-18; Lc 2,34), porta voz de Deus. Deus fala através de sua
boca. O profeta se torna insuportável
para o rei e a classe alta e sacerdotes. Ele é subversivo de Yahweh (7,10-17).
O profeta
assume a luta política, uma sociedade contaminada pela injustiça social,
baseada no poder e propriedades
rurais; terras eram tomadas dos pequenos agricultores e o gado se tornava a
arma poderosa do mundo rural. Quem tinha o boi como máquina do arado na terra,
se tornava dono agronegócio da época. Ricos, indiferentes e cegos, que não enxerga
seus erros, serão castigos (4,6-11), julgamento: fome e sede, luto e dor
(8,9-14); exploravam pobres* (9,8. 10), tempo da restauração (9,11-15).
O profeta
faz opção pelos pobres, indignação e denúncia frente exploração do povo, a
mando de políticos detentores do poder. A indignação de Yahweh, personificada na imagem
do leão, o profeta é a voz deste rugido (3,4. 8), a conversão dos ricos não
acontecer, o leão os fará presa fácil(3,12; 5,19). Ataca a indiferença e falta
de solidariedade (6,4-6); riquezas adquiridas à custa das explorações dos
empobrecidos (4,1; 5,11). A classe alta agia de forma injusta, no culto (5,21-23),
com riquezas e influência política (6,1). “O
dia de Yahweh”, Yahweh tomará partido em favor de seu povo explorado. Dia
funesto (5,17s); todos serão castigados (5,16s); haverá uma cobrança a partir
da responsabilidade (3,2), o encontro com Yahweh será terrível (4,12).
O profeta
denúncia alienação religiosa, ataca as devoções vázias e as peregrinações aos
santuários que praticavam injustiças, que não tinham ligação nenhuma com a vida
e com Yahweh Libertador. O julgamento de Yahweh, tema chave, começará pelos povos vizinhos
(1,3–2,3), passará por Judá (2,4s) e culminará em Israel (2,6-16). Israel é
culpada de injustiças: o culto ilegítimo que vicia (5,21-25), e a idolatria que
corrompe.
Amós
prevê a catástrofe. Tem consciência, que Israel será presa fácil, no ano 746
a.C.; morre o rei Jeroboão II, no ano seguinte sobe ao trono da Assíria, o rei
Tiglat Piléser III, será o começo
do fim para Israel. Amós termina sua profecia com um oráculo de esperança. O
profeta se torna a boca de Yahweh contra a injustiça social.
* Utilizamos a pronuncia Yahweh, em profundo respeito à fé Israelita.
Na raíz grega πτωχος: ptochós:
reduzido à pobreza.
Valdeci de Oliveira Biro
Pós-Graduado em Especialização Bíblica na área de Assessoria e
Metodologia
Pelo CEBI e Faculdade EST: Escola
Superior de Teologia
Luterana de São Leopoldo-RS.
Membro da ABIB: Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica do Brasil-SP.
valdeci.biblista@outlook.com
valdeci.cebi.biblista@gmail.com
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