Dia de Índio
No dia 9 de
agosto comemorou-se o Dia Internacional
dos Povos Indígenas, instituído pela ONU em 1995. No Brasil temos o 19 de
abril, mas sabemos que todo dia deve ser dia de índio. No entanto, vamos
aproveitar a data para ouvir um pouco de sua poética e determinação.
Os poemas
selecionados são de Graça Graúna, doutora em Letras, professora universitária,
escritora e poeta - Povo Potiguara - RN ,
e Cristino Wapichana, músico, cantor, compositor, poeta e escritor –
Povo Wapichana –RR. Gleides - Nova Iguaçu
Canção peregrina
Graça Graúna
| I | IV |
| Eu canto a dor | São as pedras do meu colar |
| desde o exílio | e as cores dos meus guias: |
| tecendo um colar | amarelo |
| de muitas histórias | vermelho |
| e diferentes etnias. | branco |
| e negro | |
| II | de Norte a Sul |
| Em cada parto | de Leste a Oeste |
| e canção de partida, | de Ameríndia ou Latinoamérica |
| à Mãe-Terra peço refúgio | povos excluídos. |
| ao Irmão- Sol mais energia | |
| e à Lua-Irmã | V |
| peço licença - poética - | Eu tenho um colar |
| para esquentar tambores | de muitas histórias |
| e tecer um colar | e diferentes etnias. |
| de muitas histórias | Se não o reconhecem, paciência. |
| e diferentes etnias. | Nós haveremos de continuar |
| gritando | |
| III | a angústia acumulada |
| As pedras do meu colar | há mais de 500 anos. |
| são história e memória | |
| do fluxo do espírito | VI |
| de montanhas e riachos | E se nos largarem ao vento? |
| de lagos e cordilheiras | Não temerei, |
| de irmãos e irmãs | não temeremos. |
| nos desertos da cidade | Sim. Antes do exílio |
| ou no seio das florestas. | nosso Irmão- Vento |
| conduz nossas asas | |
| ao sagrado circulo | |
| onde o amálgama do saber | |
| de jovens e anciãos | |
| faz eco nos sonhos | |
| dos excluídos. | |
| VII | |
| Eu tenho um colar | |
| de muitas histórias | |
| e diferentes etnias. |
Extraído de: GRAÚNA, Graça. Tear da Palavra. Belo Horizonte: M.E. Edições Alternativas,2007. p. 11-12.
Sonho
Cristino
Wapichana
Quando fecho os meus olhos,
vejo um lindo amanhecer
com muitas formas,
desenhos e flores;
toda a terra vestida de cores.
Vejo a paz
namorando o arco-íris,
estrelinhas tocando o meu chão;
passarinhos cantando juntinhos,
rodopiando a voar contramão.
Vem comigo viajar nessa aventura.
Vamos, juntos, com os sonhos brincar.
Vamos misturar todas as cores
e de todos os sabores provar...
Extraído de: Antologia Indígena. Vários autores.
MEARIM/INBRAPI, p.22.
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